“Pois Deus não nos deu espírito de covardia,
mas de poder, de amor e de equilíbrio.”
2 Timóteo 1:7

Hoje vamos nos concentrar em uma das áreas que mais afetam os relacionamentos: a codependência. A codependência” é uma condição específica de âmbito psicológico, comportamental e emocional, que se caracteriza por uma dependência excessiva de um indivíduo em relação ao outro”, afirmam Carvalho e
Negreiros. Os mesmos autores explicam que “o co-dependente não estabelece um vínculo com o outro, ele se aproveita. Portanto sofre e promove o sofrimento justamente por apresentar dificuldade em se relacionar com o outro” (Zampieri, 2004b, in Carvalho e Negreiros, 2011)2.
A codependência traz a incapacidade de sustentar relacionamentos saudáveis com os outros e consigo mesmo. Nos relacionamentos codependentes, não existe o debate sobre os problemas, ou a expressão aberta dos sentimentos e pensamentos. Não há comunicação honesta e franca, tampouco, expectativas realistas, convívio e confiança nos outros e em si mesmo. A codependência é individualista, seja ela
impositiva (impor a sua própria vontade sobre outros, tendendo a controla-los) ou anulativa (anular a própria identidade em favor de outros).
A codependência é uma das formas de criar uma compensação para o vazio criado pela orfandade e rejeição. Ela, depois de criada, se estabelece como estilo de vida e não é simples deixá-la, mas é possível, se você se entregar completamente ao domínio do Espírito Santo e desejar mudar sua maneira de viver.

As codependências

Na codependência impositiva, o indivíduo acha-se indispensável para os outros. Busca sempre autoafirmação, impondo sua maneira de pensar e agir. Tem forte tendência a controlar as pessoas e situações, podendo usar da manipulação. Muitos líderes e empresários têm esta característica, que também pode ser uma espécie de síndrome do filho mais velho, da criança que perde seus pais na fase infantil ou do préadolescente que tem que se defender sozinho para garantir a sobrevivência.
Na copedendência anulativa o indivíduo desenvolve uma dependência emocional em relação aos outros: não tem opinião própria e se anula para ser aceito. Não consegue estabelecer limites, não sabe dizer “não”. Podemos dizer que é a síndrome dos filhos mais novos. Quando estão em cargos como subgerentes, vices e outros em funções de segundo ou terceiro escalão no trabalho, atuam por muito
tempo nestas posições e não desejam sair, talvez tenham traços da codependência anulativa.
O fato mais importante é reconhecer que todos nós, em algum grau, temos ambas as codependências.

Exemplos:
a) Uma pessoa que tem traços mais impositivos no trabalho, de alguma forma, exerce traços de anulativos em outras áreas, como por exemplo, no casamento, na família, amigos etc.
b) Uma pessoa que apresenta traços anulativos no trabalho, pode de certa forma apresentar traços impositivos no casamento, na família ou qualquer outra área. O ponto é que quanto maior for o traço anulativo, maior a necessidade o indivíduo terá que apresentar no impositivo.
c) O anulativo não consegue dizer “não” para o patrão, chefe ou líder. Abre mão de estar com a família em uma viagem que já tinha combinado e quando a família cobra, ele se ira, se estressa e revela seu lado impositivo, e vice-versa.

O ponto aqui é compreender que o codependente está sempre vivendo a vida do outro, buscando ajudar os outros e colocando sempre os outros em primeiro lugar. Deixa de lado a sua própria vida e existência, muitas vezes para fugir de algo que o incomoda. Já abordamos isso, mas para relembrar, a codependência é um dos sistemas de compensação que o ser humano busca na tentativa de equilibrar sua orfandade e rejeição. A pessoa codependente pode ter passado por abusos, violência
psicológica e até física, rigidez de regras e críticas excessivas.
O codependente tem dificuldades de identificar o que está sentindo. Minimiza, altera ou nega o que verdadeiramente sente e se percebe completamente desinteressado por suas necessidades, enquanto se dedica ao bem-estar dos outros. Aceitar suas limitações remete à aceitação, segurança, razoável coerência e harmonia.
Sinais de codependência: Pinte o círculo das características que correspondem a você e risque as que não tem relação contigo.
o Baixa autoestima;
o Senso de identidade frágil;
o Alta reatividade ou irritabilidade;
o Preocupação ou cuidado excessivo com o outro;
o Perfeccionismo;
o Negação da realidade;
o Uso do sexo para ganhar aprovação;
o Compulsões nos relacionamentos, às vezes, associadas a outros transtornos compulsivos;
o Compulsão por alimentos, gastos, jogos, roupas, sapatos etc;
o Foco excessivo na realidade do outro, como parceiro afetivo ou filhos;
o Assumir o papel e as responsabilidades do outro.

Os sintomas acima são apenas alguns dos que podem sinalizar uma codependência desenvolvida ou em desenvolvimento. O maior problema é que não acaba por aí. Tanto o impositivo, quanto o anulativo tem suas subáreas de compensação. Portanto, aceitar viver desta maneira é algo prejudicial e danoso, tanto
para si, quanto para os que o cercam.
Por isso, é importante que você aprenda a se conhecer melhor, buscar sua identidade de filho de Deus, aceito por Ele. Com isso, ficará mais fácil identificar seus maus hábitos e falhas de caráter que, durante anos, você pode ter acreditado serem normais e corretas. Um mapeamento de suas feridas o ajudará a alcançar o equilíbrio emocional e a transformação de caráter.
Reflita:
Você conseguiu identificar atitudes de codependêcia em si mesmo?
Sim ( ) Não ( )
Que tipo de codependência você mais expressa?
Anulativa ( ) Impositiva ( )

  1. A codependência precisa ser curada

“Deixem a insensatez, e vocês terão vida;
andem pelo caminho do entendimento.”
Provérbios 9:6

A codependência é um desvio na maneira de ser que deteriora nossa alma, afeta nossa vida pessoal, familiar, nossos negócios e carreira profissional, além da nossa saúde, ministério e até o nosso crescimento espiritual. Ela traz fraqueza e se não for identificada e tratada trará consequências desastrosas.
Como seres humanos, temos muitas vezes a necessidade de ajudar ao outro. Queremos que ele pare de sofrer e melhore. Não medimos esforços para amparar quem amamos e protegê-los das coisas que lhes fazem mal. Mas qual é o limite? Até onde devemos ir? Quanto devemos fazer para ajudar o outro? A intensidade e o gra de envolvimento devem ter um limite. Uma pessoa que vive o problema do outro
como se fosse seu e se preocupa mais em ajudar o outro do que em ajudar a si mesma,
é chamada de codependente.

Melody Beattie, em seu livro “Codependência nunca mais” (Viva Livros, 2013), define o codependente como uma pessoa que deixou o comportamento de outra afetá-la e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa.

A codependência é uma doença crônica e progressiva. Uma pessoa profundamente codependente é viciada em se vincular a pessoas problemáticas. Quando sai de um relacionamento com uma pessoa perturbada, tem a tendência de procurar outra pessoa perturbada e repete os comportamentos codependentes. Esses comportamentos podem incluir um ajudar ao outro compulsivamente e uma obsessão em tomar conta do outro. Nesses casos, pode-se ver claramente o extremo da codependência.
A pessoa codependente tem baixa autoestima, valoriza-se pouco e considera o outro, de quem cuida, mais importante que ela mesma. Sente muita culpa, o que faz com que se responsabilize pelos comportamentos da outra pessoa. A maior parte dos dependentes químicos têm um elevado grau de codependência e quando avaliamos seus familiares, eles têm um grau mais elevado ainda, fazendo com que o processo de libertação do vício se torne mais difícil ainda. Entenda que a codependência precisa ser curada em sua vida.
Deus tem planos para a sua vida e para a vida de cada um. Se o tempo todo você tentar amenizar o sofrimento do outro, pode estar impedindo os planos de Deus para esta pessoa e para você mesmo. Isto é chamado de misericórdia carnal: não deixar que o outro experimente consequências de seus próprios erros e seus próprios acertos, pois são impedidos de errar e, quando acertam, o fazem com a sensação de
que só conseguiram por que tinham aquela pessoa ali, sempre presente. Um codependente impositivo sempre gera codependentes anulativos.
O codependente tem a tendência de dizer frequentemente “sim” aos pedidos de outra pessoa, quando quer dizer “não”. Tenta prover e controlar tudo dentro do relacionamento, sem enfocar suas próprias necessidades, sonhos ou desejos, criando para ele mesmo uma contínua falta de satisfação e significado.
Quando ficam irritados ou tristes colocam tudo para fora. Dizem que fazem de tudo para este relacionamento dar certo. Que dão de tudo e não recebem nada. Eles tiram deles mesmos e colocam sobre os outros, exigindo mais em retorno. Ou tiram dos outros e colocam sobre eles mesmos, não conseguindo dar o retorno que ele exige de si. O caminho que Deus propõe a nós é bem diferente. Ele tem planos para você! Como disse o pastor Bill Johnson: “Quando você entender plenamente quem Deus te chamou a ser, você não vai querer ser ninguém além de si mesmo” (Edilan, 2014).

Reflita:
Você se sente culpado quando não consegue ajudar os outros?
Sim ( ) Não ( )

2. O caminho para a cura da codependência

a) Desenvolva seu próprio projeto de vida

“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês,
diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano,
planos de dar-lhes esperança e um futuro. ”
Jeremias 29:11

A verdade é que você tem seu próprio destino, pessoal, a ser cumprido em Deus. Esse destino está certamente entrelaçado com o de muitas outras pessoas, mas não em formato de dependência: o formato é de colaboração. Certamente Deus tem planos para você, planos para a sua existência. Cabe a você desenvolvê-los.
Pergunte a você mesmo o que você gostaria de alcançar, de fazer. Pense em prosseguir os estudos, em procurar um emprego do qual você goste mais, em fazer um curso, em envolver-se com uma missão de vida que corresponda ao seu jeito de ser, ao que você gosta de fazer, ou seja, à maneira como Deus criou você para ser.
O que o faz feliz? Ande com Jesus nessa jornada de vida, buscando seus próprios projetos e sua alegria.

b) Ame o próximo, mas não viva a vida dele

“O amor não pratica o mal contra o próximo.
Portanto, o amor é o cumprimento da Lei.”
Romanos 13:10

Nenhuma passagem da Bíblia afirma que devemos amar o outro mais do que a nós mesmos; a verdade é que devemos amar ao próximo como a nós mesmos: nem menos e nem mais que isso. Como lemos, o segundo maior mandamento é este: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22:39).
Quando uma pessoa se anula para ajudar o outro, fazendo tudo o que o outro pede, ou às vezes nem pede, não está amando, mas controlando e manipulando o outro. O codependente precisa estar no controle de tudo para sentir-se seguro. Ele precisa saber de tudo, com a desculpa de ajudar. E sempre espera recompensas por ajudar “tanto”.
Quando o codependente aprende a confiar em Deus e nas pessoas, ele deixará de lado a necessidade de manipular e controlar os outros. Não mais precisará depender das pessoas para construir seu senso de valor pessoal e entenderá que só pode ajudar o outro quando a ajuda estiver dentro de suas possibilidades.
Reflita:
Há alguém na sua família, amigos ou outra esfera, com quem você tem se importado
mais do que com você mesmo?
Sim ( ) Não ( )

c) Dependa de Deus

“Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base em
nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus.”
2 Coríntios 3:5

A ciência tem nos proporcionado avanços incríveis, aprendemos coisas novas todos os dias. Na maioria das vezes, isso leva o homem a crer que é autossuficiente.
Ele tende a pensar que, sozinho, pode resolver todas as suas questões e dificuldades. Esquece-se que toda sua capacitação e dons naturais lhes foram concedidos por Deus.
Não tente fazer nada com a força do próprio braço. Coloque diante do Senhor sua vontade de controlar e manipular, ou de dizer “sim” o tempo todo, de satisfazer o outro em detrimento de você. Em sua infinita bondade, Ele fará valer os planos Dele para cada pessoa, sem interferências desnecessárias.

“Se você quer se livrar da codependência, você tem que fazer
alguma coisa para que isto aconteça. Não importa mais de quem
é a falha no passado. A sua codependência se torna o seu problema
e resolver os seus problemas é a sua responsabilidade.”
Melody Beattie
“Conhecereis a verdade e a verdade os libertará.”
João 8:32

Deus tem um plano especial para você. E Ele também tem um plano especial para todos os seus. Nunca se esqueça: você não é um problema ou um intrometido, e sim, um filho amado de Deus. Você precisa querer se livrar de toda a bagagem desnecessária.
A promessa de Deus é que você conheça a verdade e a partir disso, suas correntes sejam quebradas e você experimente a verdadeira liberdade que há nele.

Pergunta facilitadora:
Você tem o controle ou é controlado por alguém

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